Puede que acaben en Portugal.
Buenas noticias.
CP compra carruagens a Espanha para reforçar oferta de longo curso
A aquisição de 16 carruagens de passageiros em segunda mão poderá custar 400 mil euros e aumenta a oferta entre 800 a 1000 lugares, consoante as opções por 1ª ou 2ª classehttps://www.publico.pt/2020/02/15/econo ... so-1904145A aquisição de 16 carruagens de passageiros em segunda mão poderá custar 400 mil euros e aumenta a oferta entre 800 a 1000 lugares, consoante as opções por 1ª ou 2ª classe
A CP tenciona comprar 16 carruagens de passageiros à sua congénere espanhola Renfe a fim de reforçar a oferta de longo curso, respondendo assim à procura crescente dos últimos anos, sobretudo nos fins-de-semana e nos meses de Verão, em que frequentemente os comboios ficam esgotados.
Nuno Freitas, presidente da CP, esteve reunido em Madrid na passada segunda-feira com o seu homólogo da Renfe, Isaías Táboas, tendo ficado acordado que na próxima semana um grupo de engenheiros da antiga EMEF (agora integrada na CP) viajará até Espanha para se inteirar do estado das carruagens.
A frota à venda é composta por seis carruagens de lugares sentados da classe “preferente” (o equivalente à 1ª classe em Portugal), quatro carruagens mistas com cafetaria e lugares sentados, e seis carruagens de beliches (para se viajar deitado) que podem facilmente ser transformadas em lugares sentados. Todas podem ser rebocadas à velocidade máxima de 160 Km/hora.
Este material fazia os célebres comboios “Estrella” que, a partir de Madrid, ligavam durante a noite as principais cidades espanholas desde a Galiza à Andaluzia. Construídas em finais dos anos 90 pelo fabricante espanhol CAF, estas composições foram sendo retiradas do serviço à medida que em Espanha se alargava a rede de linhas de alta velocidade que tornava inúteis as viagens nocturnas. Deixou de compensar, por exemplo, viajar de Madrid para Sevilha, Málaga, Barcelona ou Valência durante a noite quando os comboios de alta velocidade faziam esse trajecto em menos de três horas.
As 16 carruagens do “Estrellas” que a CP quer comprar acabaram, assim, por ser retiradas muito novas, com dez a 12 anos de serviço, ou seja, cerca de metade do seu tempo de vida útil. O seu estado era muito bom à época em que abandonaram o serviço comercial, mas tudo depende das condições em que estiveram conservadas desde então.
A Renfe tem-nas à venda por 404 mil euros, a que se deverão somar os custos de transporte mais a remodelação para serem postas ao serviço. Um trabalho que deverá ser efectuado nas oficinas de Guifões, reabertas recentemente e que, segundo fonte oficial da CP, rondará os 50 mil euros. Ou seja, com menos de meio milhão de euros, a transportadora pública pode pôr em circulação 16 carruagens que, se fossem novas, custariam, pelo menos 10 milhões de euros.
“Cada uma destas carruagens custa cerca de 25 mil euros. Menos que um automóvel”, comentou ao PÚBLICO o presidente da CP, Nuno Freitas.
O gestor mantém a intenção de continuar a recuperar as carruagens Schindler com que vai substituir as automotoras espanholas que circulam na linha do Douro e ainda recolocar em estado de marcha as carruagens metalizadas Sorefame, para assegurar os inter-regionais na linha do Minho e reforçar os Intercidades no resto do país.
O “novo” material espanhol, porém, permite antecipar esse aumento da oferta, precisamente na linha do Minho onde, por exemplo, as carruagens-bar podem ser adaptadas para o transporte de bicicletas.
A empresa tem tido dificuldade em responder aos picos de procura dos fins-de-semana e do Verão, quando os comboios esgotam, sobretudo nos eixos Lisboa – Porto e Lisboa – Algarve. A empresa desconhece o número de passageiros que perde quando os comboios se encontram esgotados. No último ano, a CP teve uma taxa de crescimento da procura de 14%.
Em 2016, o então presidente da empresa, Manuel Queiró, tentou alugar comboios de longo curso a Espanha, mas a proposta foi travada pelo então ministro das Infraestruturas, Pedro Marques.
A empresa queria utilizar os comboios S-120, capazes de atingir os 250 Km/hora, tendo apresentado um plano que demonstrava que as receitas pagariam as despesas de aluguer. Nessa altura, a procura de passageiros crescia a uma taxa de 17,2% ao ano.
Quatro anos depois, a tutela, e o próprio primeiro-ministro António Costa, conforme apurou o PÚBLICO, vê com bons olhos esta solução de comprar material espanhol.
Pedro Nuno Santos, numa reunião de militantes na sede do PS, no Rato, no passado dia 5 de Fevereiro, afirmava que “Espanha é o único sítio para onde podemos olhar” a fim de resolver, no curto prazo, as necessidades de material circulante enquanto não vêm os novos comboios, cujo concurso público ainda está a decorrer. “Identificámos 16 carruagens. Estamos a ver se conseguimos fechar negócio com eles”, disse o ministro das Infraestruturas e da Habitação.
Já em relação às automotoras espanholas que em 2010 a CP alugou à Renfe – à data por um período “provisório” de cinco anos – o ministro, disse apenas, ironizando: “não me peçam para falar delas”. Estas unidades - designadas por “camelas” na gíria ferroviária por os aparelhos de ar condicionado instalados no tecto se parecerem com bossas – têm registado várias avarias e incidentes.